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Tráfico Sexual, uma Nova Escravidão

20 de novembro de 2012 By B.

A Blogagem Coletiva Mulher Negra está discutindo temas como representatividade, consumo, direitos humanos, trabalho, sexualidade e beleza.

Para ajudar nesse debate, resolvi fugir do óbvio, que seria falar da beleza e sensualidade da mulher negra, e ir além  questionando um pouco esse marketing sexual que fazem não só da mulher negra, mas da brasileira em geral.

Até temos orgulho da nossa bunda, rs, mas somos mais que bunda, afe!

Mulata: um produto de exportação?

mulatas-samba

Alguma coisa me incomoda nessa exaltação exacerbada à mulata brasileira, como um produto tipo exportação. Não por sua beleza, que é fato, mas porque analisando um pouco mais me questiono se  tamanho enaltecimento poderia ser uma manipulação, um abuso disfarçado…

Seria uma maneira de limitar as possibilidades dessa mulher apenas à beleza de suas formas, apresentando a exploração dessa sensualidade como um único caminho e mais fácil?

Não tenho respostas, até porque o assunto é bem mais amplo…

Apesar de existirem sim histórias de sucesso e alegrias, sabemos que a exploração sexual de mulheres pobres é uma realidade mundial e vai muito além da cor da pele negra.

A novela como instrumento de debate na sala de estar

Não sou a maior noveleira que conheço, mas tiro o chapéu para Lado a Lado e Salve Jorge, que tem mostrado as mazelas históricas e contemporâneas de uma minoria (nada minoria assim) preta e pobre, que durante anos foi segregada socialmente em favelas.

O assunto é delicado, mas tem me surpreendido positivamente sendo tratado de maneira quase didática.

Berenice - Lado a Lado
Berenice, de Lado a Lado. Personagem da Favela em 1910.

Lado a Lado conta a luta do negro no período pós abolição da escravatura. Fala do início das favelas no Rio de Janeiro, mas também mostra que a indiscutível beleza da mulher negra, historicamente sempre foi objeto de desejo, inclusive ou principalmente, por seus algozes.

Seja por suas formas, pele, sorriso, charme ou rebolado… Ser uma bela mulher negra naqueles tempos oscilava entre uma benção e uma maldição.

Duas personagens se destacam. Isabel, vivida por Camila Pitanga, apesar de filha de escravos é refinada e fala francês, graças ter trabalhado desde menina como empregada na casa de uma francesa. Sofre preconceito por ser mulher, negra, inclusive por seus pares, quando decide assumir uma gravidez sem marido e posteriormente tentar a vida no exterior como dançarina. Sua principal antagonista é Berenice, personagem de Sheron Menezzes. Estereótipo da “favelada” pobre, mas “esperta” (não necessariamente no melhor sentido da palavra), apesar de extremamente trabalhadora, vale-se da beleza e sedução para assegurar favores do “chefe” do morro.

Sheyla - Salve Jorge
Sheyla, Salve Jorge. Personagem da Favela em 2010.

Qualquer semelhança com problemas ainda atuais, não é mera coincidência.

Intencionalmente ou não, a prova disso é a novela Salve Jorge, que também se passa no Rio de Janeiro. Quase 100 anos depois, mostra que apesar de muita coisa ter mudado, inclusive políticas públicas e privadas que trabalham (?) mais efetivamente pela integração social cidade/favela, a falta de oportunidades e desigualdades sociais dão margem à exploração, inclusive sexual.

A novela tem de certa forma alertado sobre a existência de quadrilhas de criminosos, que com promessas de dinheiro fácil no exterior, enganam jovens de comunidades pobres em um verdadeiro tráfico de novas escravas, dessa vez não necessariamente negras, mas em 98% dos casos, mulheres.

Sexo, a nova escravidão

  • O tráfico de mulheres em sua essência se presta à escravidão sexual e  venda da mulher como objeto sexual, muitas vezes contra a sua vontade.
  • Segundo estimativas do Instituto Europeu para o Controle e Prevenção do Crime, cerca de 500 mil pessoas são traficadas de países mais pobres para este continente por ano. Quanto ao tráfico de pessoas para fins sexuais, estima-se que 98% das vítimas em todo o mundo são mulheres.
  • Vem aumentando a quantidade de brasileiras que entram nos países de língua latina da Europa para fins de exploração sexual.
  • Dessas tantas, muitas estão sofrendo uma nova forma de exploração: a revenda. As mulheres permanecem um pequeno período, menos de 28 dias, em um estabelecimento de prostituição, em seguida são revendidas a outros estabelecimentos com a finalidade levar novas possibilidade de escolha dos clientes.
  • Para a Associação para a Prevenção e Reinserção da Mulher Prostituída (APRAMP) a situação das brasileiras inseridas neste mercado de exploração merece atenção. A instituição alerta que o Brasil é hoje o país com maior número de mulheres traficadas para fins sexuais da América do Sul.
  • Dados da Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes (PESTRAF) contabilizam 110 rotas nacionais e 131 rotas internacionais, sendo 32 dessas para a Espanha.

Fonte: Wikipedia

Este post faz parte da Blogagem Coletiva Mulher Negra. E tem como objetivo aproximar duas datas significativas para o debate feminista a partir de uma perspectiva étnico-racial: o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e o Dia Internacional de Combate À Violência Contra a Mulher (25 de novembro). Acompanhe as postagens através da página no Facebook ou links diretos no blog.

 

blogagem coletiva mulher negra

 

Beth Vieira, a B,  é uma típica brasileira, ou seja, uma mistureba só. Descendente de nortistas (AM) e nordestinos (PE), com sangue de brancos, índios e negros correndo nas veias. Assume que sua praia é a diversidade, seja ela de raça, credo, gênero ou orientação sexual.

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B.

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